quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

História do Brasil pode ser contada através da Caricatura

História do Brasil pode ser contada através da Caricatura
O nome “caricatura” foi utilizado pela primeira vez em 1646, para nomear uma série de desenhos satíricos do italiano Agostino Carracci que retratava tipos populares de Bolonha, na Itália. A caricatura é a representação gráfica de uma pessoa, animal ou coisa, de uma cena, exagerando certos aspectos, com intuito satirizar ou de criticar.
O primeiro caricaturista do Brasil, Manuel de Araújo Porto Alegre, publicou a primeira caricatura, anonimamente, no Jornal do Comércio, em 14 de dezembro de 1837. Ele fez uma sátira do jornalista Justiniano José da Rocha, seu inimigo.
Angelo Agostini também foi um dos primeiros caricaturistas. Italiano, radicado no Brasil, publicou seu primeiro trabalho, na “Revista Ilustrada”, intitulada, mais tarde, por Joaquim Nabuco de “Bíblia da Abolição dos que não sabem ler”. Agostini colaborou muito com a história da Imprensa do país.
Além das caricaturas de Dom Pedro II, outros políticos, também bastante explorados pelos caricaturistas foram: Campos Sales, exposto por sua vaidade, Artur Bernardes, sempre apresentado como ditador e Getúlio Vargas, por sua esperteza. De estatura baixa, este aspecto físico, era bastante explorado.
Os comerciantes portugueses eram personagens preferidos dos caricaturistas. Eram representados como aqueles que roubavam no peso das mercadorias, misturavam água no leite e areia na massa do pão.
A caricatura serviu para propagar grandes acontecimentos, denunciar a corrupção no país e acompanhou toda a trajetória do cenário político como a transformação da Monarquia em República no século XIX. Depois desse período de instabilidade, surgiram novas revistas: “Semana Ilustrada” e as Revistas de humor: “Careta” e “Fon fon”.



Caricaturistas Brasileiros 1836-2001, de Pedro Corrêa do Lago
caricaturistas-brasileirosEm mais de 200 páginas, o grande livro Caricaturistas Brasileiros, de Pedro Corrêa do Lago, reúne os 40 principais nomes do país entre 1836 e 2001. Na introdução, o autor fala da história da caricatura e sobre a metodologia de escolha dos artistas. Em uma passagem discute o uso dos diferentes termos para caricatura, e sua definição. O seguinte trecho é interessante:

“A abrangência do termo “caricatura” é difícil de definir e vale citar Cássio Loredano, profundo conhecedor do tema, que talvez tenha mais bem explicado a questão ao escrever: ‘Nada é muito preciso. Charge e caricatura são a mesma palavra: carga; mas quando numa redação brasileira se diz charge, em geral se está pensando na sátira gráfica a uma situação política, cultural, etc. estritamente atual; caricatura é geralmente sinônimo de portrait-charge; e cartum vale para o comentário satírico duma situação independente de atualidade.‘

Os irmãos Paulo e Chico Caruso

Já Chico Caruso tem uma explicação empírica mais espacial: uma cena de horizonte amplo seria um cartum. centrada numa situação ou em personagens definidos seria uma charge, e focada exclusivamente numa pessoa, uma caricatura. Mas ‘caricatura’ é ainda o termo genérico que se aplica no Brasil ao desenho de humor em geral.”


Entre os artistas  estão Henrique Fleiuss, J. Carlos,  Cardoso Ayres, Millôr, Ziraldo, Henfil e Angeli, fechando o livro. De duas a dezoito páginas (para J. Carlos) para cada artista, são mais de 300 imagens, acompanhadas de um bom texto histórico e por vezes crítico. Uma “curiosidade” que descobri com o livro: Walt Disney pode ter se inspirado em desenho de J. Carlos para criar o Zé Carioca. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário